Começou em Macajuba no último dia 10 de março a campanha de vacinação contra o HPV, profissionais de saúde aplicaram a vacina nas escolas nas adolescentes com idades entre 11 e 13 anos,a primeira dose da vacina que é subdividida em 3 doses, sendo que após a primeira dose, seis meses depois deve ser aplicada a segunda dose e a terceira dose deve ser aplicada 5 anos após as 2 primeiras doses.
A vacinação contra o HPV é importantíssima, pois, previne a mulher contra o câncer de colo de útero que é causado pelo vírus do HPV. A vacina que na rede particular custa cerca de R$ 500,00 por dose, e que agora está sendo disponibilizada gratuitamente, facilita e muito o acesso da população carente à prevenção do contágio do HPV, portanto, fiquem atentas e não deixem de se vacinar.
O que é o HPV ?
HPV ou Papilomavírus humano (Human papillomavirus) é um vírus de transmissão preferencialmente sexual, considerado como a DST (doença sexualmente transmissível) mais freqüente no mundo.
São vírus da família Papilomaviridae, capazes de induzir lesões de pele ou mucosa, as quais mostram um crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente por ação do sistema imunológico. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, dos quais cerca de 45 infectam a área ano-genital masculina e feminina.
Qual sua importância no trato genital ?
A infecção genital ou anal pelos HPV pode causar lesões benignas (condilomas acuminados ou verrugas genitais ou cavalo de crista) tanto em homens quanto mulheres e lesões pré-cancerosas e câncer propriamente dito, principalmente do colo uterino. O grupo de vírus que causa a lesão benigna é diferente do grupo que causa a doença maligna. Estudos desde a década de 80 comprovaram que o HPV é o agente causador do câncer do colo uterino. Mas para a mulher ter este tipo de câncer, além da presença do vírus, necessita de outros fatores (imunológicos, hormonais, dietéticos e ambientais) que irão propiciar o crescimento e a evolução das lesões HPV induzidas.
Qual o percentual de mulheres infectadas ?
É variável, dependendo da região que se estuda. Em média consideramos que 20-50% das mulheres sexualmente ativas estejam infectadas de alguma forma pelo vírus (infecção latente ou produtiva). As infecções latentes (mais freqüentes) são assintomáticas e passam a se manifestar no momento em que há uma diminuição no sistema de defesa (imunológico) do indivíduo. Já a infecção produtiva tem várias formas de manifestação, indo desde pequenas lesões praticamente imperceptíveis (lesões sub-clínicas) até lesões gigantes (Tumor de Buschke-Loewenstein) .
Estudos epidemiológicos estimam que a infecção HPV venha atingir mais de 85% da população nos próximos 10 anos e se nada for feito para modificar esta tendência, todas as pessoas poderão se infectar em alguma fase de suas vidas.
Quais são os tipos de HPV ?
Atualmente existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 45 deles apresentam a capacidade de infectar o trato ano-genital, tanto do homem quanto da mulher. Os diferentes tipos são denominados por números (exemplo HPV 1, HPV 6, etc.), de acordo com sua descoberta e sequenciamento genético. Destes 45, há 2 grupos importantes que denominamos Grupo de Alto Risco Oncogênico, ou seja, estão associados ao câncer genital e o Grupo de Baixo Risco Oncogênico que causam apenas as lesões benignas. Do grupo de alto risco, os HPV 16 e 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo uterino. Do grupo de baixo risco, os HPV 6 e 11 são responsáveis por mais de 90% dos caso de condilomas.
A taxa de transmissibilidade depende tanto dos fatores virais quanto do hospedeiro, mas de uma forma geral, o risco de transmissão é de 65% para as lesões verrucosas e 25% para as lesões sub-clínicas. Como nas infecções latentes não há expressão viral, estas infecções não são transmissíveis. Porém, a maioria das infecções são transitórias. Na maioria das vezes, o sistema imune consegue combater de maneira eficiente esta infecção, alcançando a cura, com eliminação completa do vírus, principalmente entre as pessoas mais jovens. A maioria das pessoas infectadas com o HPV desenvolvem anticorpos que poderão ser detectados no organismo, mas nem sempre estes são suficientemente competentes para proteger contra uma nova infecção.
A transmissão do HPV se faz por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A maioria das vezes (95%) são transmitidos através da relação sexual, mas em 5% das vezes poderá ser através das mãos contaminadas pelo vírus, objetos, toalhas e roupas, desde que haja secreção com vírus vivo em contato com pele ou mucosa não íntegra.
Há alguma diferença na transmissão entre homens e mulheres?
A transmissão da infecção pelo HPV independe do sexo, sendo facilmente transmitidas do homem para a mulher e vice-versa e até mesmo nas relações homossexuais. Entretanto, devido às características genitais diferentes, as manifestações e complicações desta infecção são mais freqüentes nas mulheres.
A transmissão só ocorre na presença de verrugas?
Não. A presença de lesões planas, não visíveis a olho nu também são transmissíveis. Muitas vezes estas lesões são visualizadas apenas por métodos mais sofisticados no consultório médico ou através de exames como colpocitologia oncótica (preventivo ou exame de Papanicolaou) ou biópsias.
Em que locais do corpo são encontrados os HPV?
As lesões clínicas mais comuns ocorrem nas regiões ano-genitais como vulva, vagina, ânus e pênis. Porém, esta infecção pode aparecer em qualquer parte do nosso corpo, bastando ter o contato do vírus com a pele ou mucosa com alguma lesão (não íntegra). Manifestações extra-genitais mais freqüentes são observadas na cavidade oral e trato aéro-digestivo, tanto benignas quanto malignas. Uma lesão particularmente agressiva ocorre em crianças ou adolescentes que foram contaminados no momento do parto, desenvolvendo lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (papilomatose laringéia recorrente), sendo necessário inúmeros tratamentos cirúrgicos.
Como são essas infecções?
As lesões clínicas mais comuns na região genital masculina e feminina são as verrugas genitais ou condilomas acuminados, popularmente conhecidas como "crista de galo" ou “cavalo de crista”. Já as lesões sub-clínicas não apresentam qualquer sintomatologia, podendo progredir para o genital caso não sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.
Qual é o risco de desenvolver câncer do colo de útero?
Estudos epidemiológicos têm mostrado que, apesar da infecção pelo papilomavírus ser muito comum ( média de 25% das mulheres brasileiras estão infectadas pelo vírus), somente uma pequena fração (1%) das mulheres infectadas com um tipo de HPV de alto risco oncogênico irá desenvolver o câncer do colo de útero.
Há algum fator que aumenta o risco de desenvolver câncer do colo de útero?
Sim. Fatores que estarão associados à alteração da resposta imune em nosso organismo, tais como múltiplas gestações, uso de contraceptivos orais de alta dose por tempo prolongado, tabagismo, infecção pelo HIV, quimioterapia, radioterapia, tratamento com imunossupressores e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes simples e chlamydia).???
Como se faz o diagnóstico da Infecção HPV?
O diagnóstico depende do tipo de manifestação do vírus. Nos casos de infecção clínica podemos fazer diagnóstico a olho nu, ou seja, as lesões verrucosas são facilmente diagnosticadas, não sendo necessário nenhum outro tipo de exame Nas infecções subclínicas necessitamos de exames complementares como a citologia (exame de Papanicolaou ou Preventivo), histologia (biópsia) ou colposcopia (ampliação das imagens com auxílio de um aparelho especial denominado colposcópio) para o diagnóstico. ??
Nas infecções latentes todos os exames anteriores são normais. O diagnóstico pode ser realizado apenas pelos métodos de hibridização molecular do DNA viral. A positividade deste exame não quer dizer que a mulher irá manifestar a infecção, pois o organismo poderá eliminar o vírus antes mesmo dele se manifestar clinicamente.
Como se previne esta infecção ?
Como a forma mais freqüente de aquisição da infecção é sexual, as medidas de prevenção das DST são as mais importantes, tais como:
Uso do preservativo (camisinha) nas relações sexuais.
Evitar ter muitos parceiros ou parceiras sexuais.
Realizar exame ginecológico periódico (ideal a cada 6 meses).
Realizar o exame de Papanicolaou pelo menos uma vez por ano.
É importante ressaltar que o uso do preservativo, apesar de prevenir a maioria das DST, não impede totalmente a contaminação pelo HPV, pois, freqüentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (raiz da coxa, perianal, etc).
Qual a perspectiva do uso de uma vacina ?
Uma vez que as infecções pelo HPV nem sempre são corretamente diagnosticadas, existe uma alta frequência de recidiva após tratamento adequado e uma impossibilidade de prevenção em 100% dos casos com uso de preservativo, os pesquisadores começaram a estudar outras possíveis formas de prevenção. A exemplo do que aconteceu com outras infecções virais (sarampo, rubéola, poliomielite, hepatite B) o desenvolvimento de uma vacina contra a infecção HPV se mostrou promissor. Estudos em animais mostraram excelente eficácia. Vários ensaios clínicos tem demonstrado uma eficácia na prevenção das doenças genitais associadas aos HPV 6, 11, 16 e 18, tanto nos estudos da vacina monovalente (anti-HPV 16), bivalente (HPV 16 e 18) e quadrivalente (HPV 6, 11, 16 e 18) que variam de 95-100% para as lesões pré-cancerosas de colo uterino, vulva e vagina e para as lesões verrucosas (condilomas acuminados) em mulheres de 16 a 45 anos.
Estudo em adolescentes (meninos e meninas de 9 a 15 anos) demonstraram uma excelente resposta imunológica com altas concentrações de anticorpos por tempo duradouro, indicando sua provável eficácia também neste grupo.
Estudo em homens de 16 a 26 anos tem completado 3 anos de avaliação e em breve teremos os resultados de sua eficácia na prevenção dos condilomas e lesões pré-cancerosas e câncer da área ano-genital.
Vários centros de pesquisa no mundo estão avaliando a eficácia desta vacina. No Brasil existem também alguns centros e em Santa Catarina, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolve estas pesquisas desde 2002 (Centro de Pesquisa Clínica “Projeto HPV”).
O que é a vacina contra o HPV?
A vacina anti-HPV é um produto manufaturado pelas técnicas atuais de engenharia genética. Produzida através do gen do HPV que sintetiza a cápsula do vírus em laboratório, a vacina anti-HPV (monovalente, bivalente ou quadrivalente) nada mais é do que a cápsula do vírus sem o conteúdo genético (portanto, incapaz de induzir infecção) que é inoculado no indivíduo para estimular a produção de anticorpos que irão proteger contra a infecção no momento do contato com o vírus.
Como ela funciona?
Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.
Como ela é feita? Existe risco de infecção pela vacina?
Não, este risco não existe. No desenvolvimento da vacina conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV que o codifica para a fabricação do capsídeo viral (cápsula viral - parte que envolve o genoma do vírus). Depois, usando-se células vivas como um fungo (Sacaromices cerevisiae),insetos ou bactérias obtem-se apenas a “capa” do vírus, que em testes preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em seres humanos. Essa “capa” viral, sem qualquer gen em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus ( em inglês, vírus like particle – VLP). O passo seguinte foi estabelecer a melhor quantidade de VLP e testá-la em humanos, capaz de prevenir as lesões induzidas pelos diferentes tipos de HPV.
Qual a garantia de proteção após a vacinação?
A produção de anticorpos foi de 100% em mais de 20.000 mulheres testadas. No entanto, a presença dos anticorpos não significa proteção, apesar disso ser quase certo. A grande maioria das muheres que não estavam infectadas pelo HPV (98-100%) tiveram uma proteção contra as lesões causadas pelos vírus contidos na vacina. A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não está completamente definida, pois o tempo de estudo até o momento é de 6 anos. Até este momento ela continua com a mesma eficácia. Os estudos continuam para ter esta resposta. As evidências imunológicas são de que provavelmente sua eficácia seja por muitos anos, semelhante à Hepatite B, que após as três doses, continua eficaz por mais de 20 anos.
Onde é possível fazer os exames preventivos do câncer do colo do útero?
Postos de Coleta de exames preventivos ginecológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis em todos os estados da Federação e os exames são gratuitos. Procure o Posto de Saúde mais próximo de sua casa para obter informações onde você poderá realiza-los.
Quais os riscos da infecção por HPV em mulheres grávidas?
A infecção HPV não interfere na formação do feto nem impede o parto vaginal (parto normal). A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser determinada pelo médico após a análise individual de cada caso. As mulheres infectadas pelos HPV que causam verrugas genitais (principalmente HPV 6 e 11) apresentam um risco mínimo de transmissão destes vírus para seu bebê que poderá desenvolver estas lesões no trato respiratório (papilomatose respiratória recorrente).
É necessário que o parceiro sexual também faça os exames preventivos?
O fato de ter mantido relação sexual com uma mulher com infecção por papilomavírus não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção. A infectividade deste vírus é em média de 65%. Obviamente, a continuidade da exposição irá aumentar progressivamente este risco. De qualquer forma, em caso de dúvida, recomenda-se procurar um médico para um exame mais detalhado.
Que fatores podem acelerar a progressão da infecção HPV para uma lesão tumoral?
A progressão da infecção HPV para lesões pré-cancerosas e câncer está condicionada a fatores relacionados ao vírus (tipo do vírus, quantidade viral, persistência da infecção) e fatores relacionados ao hospedeiro, relacionados principalmente à imunidade (tabagismo, uso de contraceptivos orais de alta concentração hormonal par muitos anos, multiparidade, imunossupressão).
Qual o tratamento para erradicar a infecção HPV ?
A maioria das infecções é assintomática ou inaparente e de caráter transitório. Cerca de 80% das infecções serão eliminadas do organismo num perídodo de 1 ano. Diversas modalidades de tratamento podem ser oferecidas, entretanto, cada caso deve ser avaliado pelo médico responsável que adotará a conduta mais adequada. A verdadeira cura, com eliminação do vírus ocorre na maioria dos casos e está na dependência do nosso sistema imune.
( Texto: Universidade Federal de Santa Catarina). |
quinta-feira, 20 de março de 2014
Campanha de vacinação contra o HPV
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